A minha noite não cabe neste quarto
Onde as confidencias do mar
Mancham de sal as cortinas e as roupas.
Há na dor uma inteligência perversa
Que a faz organizar o desespero
Em cada nova investida. Estou sentado
Sobre a pagina e a minha visão
Quase nada abarca porque é sôfrega,
Quase nada alcança porque é tímida.
Tem os seus signos esta noite:
O retrato dos mortos, a angustia dos vivos,
As primordiais leituras, as ultimas viagens.
A minha noite não cabe nesta escrita,
Porque é ampla como uma câmara capaz
De reter as imagens todas da volúpia,
Da revelação e do assombro. Deito-me
Sobres as camas desta noite
E a solidão de que padeço é tentacular
Como um animal exacerbado pela tristeza
Imóvel que o mutila. A minha noite
Não cabe neste quarto, que é o lugar
Onde a metade da voz encontra eco,
Fulgor e espaço para se tornar plena.
José Jorge Letria
”A metade Iluminada e outros poemas”
Edições ulmeiro 1998
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